A obediência à Palavra de Deus não é uma opção, é uma exigência. Em tempos de relativismo moral, onde cada um quer definir sua própria verdade, a Bíblia continua sendo a única autoridade infalível e suficiente para a vida e a piedade. Obedecer ao que ela ensina não é legalismo, mas expressão de fé viva e verdadeira. Como afirmou João Calvino, "a verdadeira piedade consiste na disposição de obedecer a Deus de coração". A obediência bíblica nasce da fé regenerada e caminha em conformidade com a vontade revelada do Senhor.
A autoridade da Escritura exige submissão
A base de toda obediência está no reconhecimento da autoridade das Escrituras. O salmista declara: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos” (Salmo 119.105). A Palavra de Deus é suficiente para guiar, corrigir, instruir e salvar. Ela não precisa ser atualizada nem reinterpretada à luz dos tempos modernos. Como bem ensinou J.C. Ryle, “a Bíblia não é simplesmente um livro para se ler, mas para se obedecer”.
Quando tratamos a Bíblia apenas como um livro de inspiração e não como um livro de autoridade, corremos o risco de reduzir suas ordens a sugestões. No entanto, o Senhor Jesus não deixou espaço para esse tipo de abordagem. Ele disse claramente: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14.15). A verdadeira fé sempre se manifesta em obediência prática.
A obediência não salva, mas é fruto da salvação
Uma das verdades mais fundamentais do evangelho é que somos salvos somente pela graça, mediante a fé, e isso não vem de nós, é dom de Deus (Efésios 2.8-9). No entanto, essa fé salvadora nunca está desacompanhada de frutos visíveis. João Owen, um dos maiores teólogos da história da igreja, escreveu: “Onde não há obediência, não há fé verdadeira”. A obediência é o selo da autenticidade da fé.
John MacArthur também é enfático ao afirmar que “a graça que não transforma não salva”. Em outras palavras, não há como alguém dizer que crê em Cristo e continuar vivendo de forma contrária àquilo que as Escrituras ordenam. A salvação que recebemos pela fé nos une a Cristo e nos capacita, pelo Espírito Santo, a viver uma nova vida em conformidade com a vontade de Deus.
A obediência é resultado de uma nova natureza
A obediência bíblica não é o resultado de um esforço moral ou de uma religiosidade artificial. Ela é o fruto da regeneração operada pelo Espírito Santo no coração do homem. Herman Bavinck afirmou: “A fé verdadeira não é mera aceitação intelectual, mas um profundo comprometimento do coração, que inevitavelmente se manifesta em obediência”. Deus não apenas ordena que obedeçamos, mas Ele mesmo opera em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Filipenses 2.13).
O coração regenerado encontra prazer na lei de Deus. O cristão, ainda que imperfeito, deseja obedecer porque ama o seu Senhor. Jonathan Edwards descreve isso de forma comovente: “O verdadeiro amor por Deus se expressa mais claramente na obediência do que em palavras”. A obediência não é peso, mas privilégio. Não é imposição, mas resposta de amor.
A desobediência revela incredulidade
A Escritura é clara ao mostrar que a desobediência persistente é sinal de incredulidade e rebelião. Jesus disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mateus 7.21). Palavras e intenções não substituem a obediência concreta. O apóstolo Tiago escreveu que a fé sem obras é morta (Tiago 2.17). Isso não quer dizer que somos salvos pelas obras, mas que a fé que salva produz obras, e essas obras são obedientes ao que a Bíblia ensina.
Charles Spurgeon declarou: “Se a sua religião não muda você, então mude de religião, pois a verdadeira fé muda o coração, o comportamento e a direção da vida”. Ignorar os mandamentos de Deus enquanto se afirma ser cristão é viver uma ilusão perigosa. A obediência é a evidência da presença de Deus na vida de alguém.
A obediência é expressão de adoração e temor
Obedecer à Palavra é também um ato de adoração. É reconhecer a soberania de Deus sobre todas as áreas da vida. Romanos 12.1 nos exorta a apresentar o nosso corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Isso é culto racional. A obediência é o culto contínuo de uma alma redimida. John Piper escreveu que “Deus é mais glorificado em nós quando somos mais satisfeitos nEle, e a maior satisfação vem quando nos rendemos totalmente à Sua vontade”.
O temor do Senhor nos conduz à obediência. Não se trata de medo servil, mas de reverência profunda. É o reconhecimento da santidade de Deus e do nosso chamado a viver de modo digno do evangelho. Thomas Boston escreveu que “a obediência é o caminho do prazer do crente, não da sua obrigação forçada”.
Obedecer é viver para a glória de Deus
A obediência ao que a Bíblia fala é o caminho da vida cristã autêntica. Não podemos dizer que amamos a Deus e, ao mesmo tempo, ignorar seus mandamentos. A Bíblia é clara, suficiente e digna de toda a nossa confiança e submissão. A fé que não obedece é fé morta. O cristianismo verdadeiro é aquele em que a verdade revelada molda o coração, a mente e o comportamento.
Devemos, portanto, examinar nossa vida à luz da Palavra, arrepender-nos das áreas em que temos sido negligentes e buscar, com temor e alegria, obedecer a tudo o que o Senhor ordena. Afinal, como disse Martinho Lutero: “A verdadeira fé sempre deseja fazer boas obras. Ela não pergunta se deve fazê-las, mas já as fez antes mesmo de perguntarem”. Que sejamos achados fiéis ao nosso Senhor, ouvindo Sua voz e caminhando conforme a Sua verdade.
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Soli deo gloria.

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